sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Continuação da história, pelo Dário

Depois de tudo o que se passara com o tema do dinheiro, o Pedro resolveu guardá-lo e pensar melhor sobre o assunto. Como sempre havia sido pobre, ele não sabia como gerir este dinheiro todo, e então deixou passar dias e dias para poder reflectir melhor sobre o que fazer.
Finalmente encontrou uma solução. Na cidade onde morava, havia uma igreja já muito degradada, com um padre que Pedro sempre admirara, que sempre ajudara os mais carenciados, apesar de não ter os meios necessários o fazer. Então o Pedro decidiu dar uma grande parte do dinheiro que havia encontrado ao padre, para que lhe fosse possível melhorar as condições da igreja e ajudar da melhor forma as pessoas que lá iam pedir auxílio. Mas decidira também que a outra parte ficava com ele, para resolver qualquer problema financeiro que pudesse aparecer no futuro.
Infelizmente, o padre não aceitou a oferta do Pedro, apesar de ser tentadora, porque era um homem de Deus, e sugeriu ao Pedro que fosse entregar o dinheiro às autoridades. Ele ficou desgostoso e reflectiu melhor sobre o que o sacerdote lhe tinha sugerido.
Decidiu então fazer o que o padre lhe tinha dito porque era o mais certo. Devolveu o dinheiro e recebeu uma recompensa, porque aquelas notas que havia encontrado eram procuradas, já que haviam sido roubadas do BES (Banco Espírito Santo) na semana anterior à que as encontrara.
A recompensa do Pedro foi a quarta parte do total que tinha encontrado, e Pedro conseguiu assim recompor a sua vida e continuou a viver um dia de cada vez.

(Mas será que a história acaba assim?)

Questionário sobre o «Sermão de Santo António aos Peixes»

Testa os teus conhecimentos sobre o «Sermão de Santo António aos Peixes», do padre António Vieira, através deste exercício realizado em Excel.
Vai respondendo às perguntas de acordo com as instruções e, no final, observa que resultados obtiveste e quais os teus pontos mais fortes e mais fracos.

Questionário sobre o período barroco e o «Sermão de Santo António aos Peixes»

Podes resolver um questionário sobre as características do período barroco e o «Sermão de Santo António aos Peixes», do padre António Vieira, através desta ligação.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Continuação da história do Pedro.
Deixo aqui também um nome para a história espero que gostem.


Pedro e o pedregulho endinheirado

Apesar de Pedro saber que o que fez foi o correcto, ficou a pensar no que poderia ter feito com toda aquela quantia. E será que aquele dinheiro não teria sido roubado e deixado para trás, para mais tarde quem o roubou ir buscá-lo? Pedro era muito curioso e enquanto os segundos, os minutos, as horas e os dias passavam, da sua cabeça não paravam de sair histórias mirabolantes de como aquele dinheiro fora parar debaixo de um pedregulho lamacento, no meio do nada. O que teria realmente acontecido?

domingo, 25 de novembro de 2007

O espelho de duas caras

Como numa noite viva de paz e silêncio
Um espelho vitral mostra a outra face
A face de um ser que prenuncia o meu nome
Um ser com o mesmo olhar de brilho…
Azul como a pérola da mística
Ainda que no escuro da noite
O outro ser é igual a mim!
Toco no espelho e todo treme
De ondas brancas de luz e som de desejo…
Prazer de ver-me ali reflectido
Como uma cópia perfeita a lápis
Sem traço de imperfeição!
A minha vida no plano redondo,
De uma folha de papel…
Mas um espelho é um espelho
E as vidas não são iguais…
Só semelhantes,
De cara e coração!
Toquei nas tuas mãos e senti,
Senti o calor da tua alma…
O mesmo!
Senti o frio do teu respirar…
Igual!
A luz do teu olhar…
Sem alguma diferença!
És tu a minha cara,
O meu corpo e a minha alma...



* Este poema não é da minha autoria..
Foi escrito pelo meu padrinho, acho que ele merece que eu o ponha aqui..
Um enorme beijo para ele..

sábado, 24 de novembro de 2007

Continuação da história. Por Priecha.

No momento em que o Pedro estava a pôr as notas para dentro da sua mochila, ouviu para lá das árvores um ruído. Ele assustou-se, mas era só um gato. Apesar de tudo, o Pedro conseguiu levar o dinheiro para casa, mas agora o que é que faria com esse dinheiro todo? Ficou a pensar durante vários dias...
Até que um certo dia ele resolver entregar o seu dinheiro à polícia, pois achava que esse dinheiro não lhe pertencia, e a pessoa que deixara cair lá o dinheiro era uma pessoa cheia de pressa, que nem se apercebera de que este caíra e, mais tarde, quando fosse à procura do dinheiro, teria entrado em pânico. O Pedro não gostava de ver as pessoas assim. Por isso resoveu devolver o dinheiro à polícia, já que não sabia a quem pertencia o dinheiro.

sábado, 17 de novembro de 2007

UM DESAFIO A TODOS OS ALUNOS DA TURMA

O desafio que proponho aqui é continuarem a escrever a história aqui começada.

Quem quiser pode pegar no que já está escrito e continuar. E quem vier a seguir continuar o que os outros antes fizeram. É uma narrativa que pode ter personagens, diálogos, diferentes espaços onde ela poderá decorrer, enfim, é um desafio à imaginação. Mas é preciso não esquecer a coerência. Quem vier a seguir terá que conhecer toda a história para trás, para não trocar nomes de personagens, e não alterar acontecimentos que já ocorreram.

Ah, e falta um título. Podem colocar propostas para o título e sugestões para a continuação da história nos comentários.

Vamos lá ver quem é que aceita o desafio.

Aqui vai o começo:



Quando ia para a escola pelo atalho do costume, um caminho que cortava pelo meio de um terreno meio selvagem que no inverno ficava empapado de lama, o Pedro deu com um pedregulho que não lhe era familiar naquele sítio. Das tantas e tantas vezes que por ali tinha passado já conhecia todas as pedras do caminho, ao ponto de quase as tratar pelo nome.

Com algum esforço, revirou-o e deu com uma data de maços de notas de 500 euros. Nunca tinha visto sequer uma nota de quinhentos, quanto mais uma quantidade destas. De quem seria aquele dinheiro? Quem o teria ali deixado? Quanto é que estaria ali no total? Uma fortuna, certamente.

Olhou para um lado e outro para ver se não vinha ninguém e se não estava a ser observado. Agachou-se e colocou a sua mochila ao lado dos maços. Começou então a empurrá-los para o seu interior.


(...)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O «Sermão de Santo António aos Peixes» em análise - ficheiros de som


O «Sermão de Santo António aos Peixes» em podcast, para ouvir em MP3.
Carrega nos símbolos para ouvir ou descarregar os ficheiros (botão da direita do rato e escolher a opção Guardar destino como).


Capítulo 1 do «Sermão de Santo António aos Peixes» - perguntas e respostas.

Capítulo 2 do «Sermão de Santo António aos Peixes» - perguntas e respostas.

Capítulo 3 do «Sermão de Santo António aos Peixes» - perguntas e respostas.

Imagem do filme de Manuel de Oliveira «Palavra e Utopia», em que se pode observar o púlpito de onde se pregava à congregação.


Capítulo 5 do «Sermão de Santo António aos Peixes» - perguntas e respostas.

Capítulo 6 do «Sermão de Santo António aos Peixes» - perguntas e respostas.

Estrutura do «Sermão de Santo António aos Peixes».

Análise geral e progressão do «Sermão de Santo António aos Peixes».

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O Barroco

Em Portugal, o barroco teve o seu desenvolvimento desde os finais do século XVI até aos meados do século XVIII, tendo o seu incremento ficado a dever-se principalmente à acção de D. João V e às riquezas que eram trazidas do Brasil, onde o estilo também teve um grande desenvolvimento.
As obras do estilo barroco eram grandiosas, e exuberantes, onde o predomínio da talha dourada e os veludos bordados a ouro eram notáveis (eram indispensáveis à afirmação da realeza ou da fidalguia), consideradas como características estéticas da época.
A decoração barroca distingue-se pela riqueza e abundância dos materiais empregues, pela magnificência das peças e por algum exagero ornamental.
O estilo barroco revelou-se mais original nos trabalhos então de talha dourada, de azulejos e de outras artes decorativas, como a ourivesaria, o mobiliário...
Este estilo foi adaptado a grandiosas obras régias de arquitectura como igrejas, conventos, solares, palácios (Convento de Mafra, Igreja de Santa Clara, Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, Palácio de Mateus, entre outros).

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

MP3 para ouvir acerca do Barroco e do padre António Vieira


O barroco em podcast, para ouvir em MP3.
Carrega nos símbolos para ouvir ou descarregar os ficheiros.



O Barroco na arquitectura, na pintura e na arte em geral.

O Barroco na literatura.

O sermão no século XVII.

Interior da Igreja de S. Roque, em Lisboa. Note-se o púlpito, à esquerda, a meio da parede, numa posição elevada, de onde se pregava à congregação.


A acção da palavra.

Padre António Vieira.

O ideal missionário em Padre António Vieira.

Os jesuítas e a sua acção no século XVII.

Nota: Seguir-se-ão ficheiros sobre o «Sermão de Santo António aos Peixes».

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Um curto abecedário do Barroco e algumas figuras de estilo

Bach
- Músico do período barroco que se distinguiu pela forma particular de interpretar o órgão e pela introdução da voz feminina na Igreja.

Conceptismo
- Complexo jogo de conceitos, ou seja, de ideias apresentadas com grande subtileza, com recurso a metáforas, paralelismos, jogos de palavras, alegorias e antíteses.

Cultismo
- Processo característico da literatura barroca que consiste no uso de construções sintácticas e jogos de palavras, numa exibição de virtuosismo retórico, de forma a impressionar o leitor.

Deleite
- Sinónimo de prazer aquando da leitura (era o que buscavam os poetas barrocos).

Efemeridade da vida humana
- Tema recorrente da poesia barroca.

Fénix Renascida ou Obras dos Melhores Engenhos Portugueses
- Cancioneiro seiscentista, editado em cinco volumes, compilada por Matias Pereira da Silva.

Galhofeira (atitude)
- Posição trocista face a aspectos diversos do quotidiano.

Imagem
- Elementos a partir dos quais é construído o poema e alvo de especial atenção antes do estudo do poema “À fragilidade da vida humana”.


À fragilidade da vida humana
Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em vesúvios incendido
Foi zéfiro suave, em doce agrado.

Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego mortal, e considera
Que é rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.

Francisco de Vasconcelos in Fénix Renascida


José Merengelo de Osan
- Nome da pessoa que compilou o Postilhão de Apolo.

Morte
- Realidade suavizada pela palavra “repousa” no poema “À morte de F.” (eufemismo).


À morte de F.
Esse jasmim, que arminhos desacata,
Essa aurora, que nácares aviva,
Essa fonte, que aljôfares deriva,
Essa rosa, que púrpuras desata;

Troca em cinza voraz lustrosa prata,
Brota em pranto cruel púrpura viva,
Profana em turvo pez prata nativa,
Muda em luto infeliz tersa escarlata.

Jasmim na alvura foi, na luz Aurora,
Fonte na graça, rosa no atributo,
Essa heróica deidade que em luz repousa.

Porém fora melhor que assim não fora,
Pois a ser cinza, pranto, barro e luto,
Nasceu jasmim, aurora, fonte, rosa.

Francisco de Vasconcelos in Fénix Renascida



Nácar
- Camada interna da concha; por vezes, aparece com o significado de «rosa».

Ornamentação
- Sinónimo de excesso de decoração, característica típica do discurso barroco.

Postilhão de Apolo
- Cancioneiro seiscentista, publicado em dois volumes, compilado por José Merengelo de Osan.

Quotidiano (sátira)
- A poesia barroca critica ou zomba de determinados aspectos do dia–a-dia.

Retórica
- Nome pelo qual o uso das figuras de estilo é também conhecido (a arte de usá-las).

Sinonímia
- Palavras que têm um significado semelhante. Ex: baixel/nau e farol/sol (Existente no poema barroco “À fragilidade da vida humana”).

Tempo
- Um dos temas principais da poesia barroca (a passagem do tempo).

Usos e Costumes (crítica)
- A poesia barroca, e sobretudo a narrativa, para além de abordar temas profundos também critica a sociedade do seu tempo.

Visualismo
- Característica do barroco realçada por formas verbais como “Olha”, no soneto “À fragilidade da vida humana”:

XVII
- Século por excelência do período barroco.

ALGUMAS FIGURAS DE ESTILO OU DE RETÓRICA

Alegoria
- É a corporização de uma realidade abstracta, normalmente conseguida a partir de um jogo de comparações, imagens e metáforas. A literatura portuguesa tem recorrido à alegoria em todas as épocas. São disso exemplo as figuras de Roma e do Tempo, no Auto da Feira, de Gil Vicente; a figura do polvo, no Sermão de Santo António aos Peixes, do padre António Vieira;

Anáfora
– Repetição de palavra ou expressão em início de período, frase ou verso.

Ex: “Quantos, correndo (...) quantos, embarcados (...) Quantos, navegando (...)” (Cap.III, Sermão de Santo António aos Peixes) “Louvai a Deus, (...) louvai a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes)

Antítese
– Figura que põe, lado a lado, palavras ou ideias, antagónicas.

Ex: Céu/ Terra; Bem/ Mal; Céu/ Inferno; Dia/ Noite; Homens/ Peixes.

Apóstrofe
– Interrupção do discurso para interpelar pessoas presentes ou invocar, sob forma exclamativa, pessoas ausentes, mortas, entes fantásticos ou coisas inanimadas.

Ex: “Olhai, peixes lá do mar e da terra (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes) “Vê, voador (...)” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes) “Peixes, dai muitas graças a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes)

Comparação
– Figura por meio da qual se confrontam duas realidades distintas para fazer realçar a sua semelhança.

Ex: “O polvo com aquele seu capelo na cabeça parece um monge, com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela (...)” (Cap. V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Enumeração
– Apresentação sucessiva de vários elementos (frequentemente da mesma classe gramatical).

Ex: “(...) na terra pescam as varas (...) pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes).

Exclamação
– Figura pela qual se exprimem sentimentos de admiração, espanto, alegria, susto, indignação, sob forma exclamativa.

Ex: “Oh alma de António, que só tivestes asas e voastes sem sem perigo, porque soubestes voar para baixo e não para cima!” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Gradação
– Encadeamento de palavras ou ideias numa ordem progressiva (ascendente) ou regressiva (descendente).

Ex: “(...) da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes)
“ Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes).

Hipérbole
- Figura de estilo que consiste na utilização de termos ou expressões que exageram a realidade.

Imagem
- É a representação sensível, animada e colorida da ideia numa palavra, frase ou parte de um texto. A comparação e a metáfora reunidas originam frequentemente imagens vivas e expressivas.

Interrogação
– Pergunta formulada, não para se obter uma resposta, mas para realçar as ideias do discurso.

Ex: “Parece-vos bem isto, peixes?” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes)“Fizera mais Judas?” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Metáfora
– Comparação abreviada pela omissão da conjunção comparativa.

Ex: “(...) às águias que são os linces do ar (...) e aos linces, que são as águias da terra (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes)

Zeugma
- Omissão de um termo habitualmente referido na frase anterior:
Jasmim na alvura foi, na luz Aurora [foi],
Fonte na graça [foi], rosa no atributo [foi],

O Barroco

barroco, s. m., estilo próprio das produções artísticas e literárias, que ocorreu aproximadamente entre os fins do séc. XVI e os meados do séc. XVIII, e que se caracteriza pela pompa ornamental, pelo preciosismo decorativo, pelo floreado e pelos conflitos entre o espiritual e o temporal, entre o místico e o terreno; barroca; cova; barranco; pérola de forma irregular.

A palavra "barroco", como a maioria dos períodos ou designações de estilo, foi inventada por críticos posteriores, e não pelos artistas do século XVII e começos do século XVIII. O termo original é português e designa um pérola irregular ou uma jóia falsa.

Actualmente, o termo "barroco" pode ser utilizado para caracterizar de forma pejorativa trabalhos artísticos ou de artesanato excessivamente ornamentados, tal como muitas outras vezes se emprega o termo "bizantino" como referência a tarefas demasiado complexas, excessivamente obscuras ou demasiado confusas.

Na realidade, o barroco exalta valores através da utilização de metáforas e alegorias, frequentes na literatura deste período, e procura maravilhar e causar espanto, tal como no Maneirismo, muitas vezes por meio da utilização de artifícios, sejam eles de linguagem ou pormenores artísticos. Um dos temas privilegiados é o tormento psicológico do Homem, tendo uma boa parte das suas obras seguido a temática religiosa, já que a Igreja Católica Romana era o principal «cliente» dos artistas e eram religiosos muitos dos escritores desta época, nomeadamente no caso da literatura portuguesa.

Os artistas procuravam a virtuosidade com realismo, tendo uma enorme preocupação com os detalhes (há quem se refira à obra barroca como uma complexidade típica).

Las Meninas, de Velazquez. Clique na imagem para saber mais sobre o quadro.

A falta de conteúdo era compensada através das formas, as quais deviam suscitar no espectador, no leitor, no ouvinte, a fantasia e a imaginação. É um momento em que a arte se encontra menos distante de quem dela pode usufruir, aproximando-se do público de maneira mais directa, diminuindo o fosso cultural que afastava a arte do utilizador, o que, por exemplo, acontecia frequentemente nas igrejas construídas nesta época, quando o luxo aí existente permitia a quem as frequentasse a sensação de pertença, de que também o povo podia agora entrar em ambientes recheados de obras artísticas, apreciá-los e deles usufruir.

Na literatura, encontramos o temática do duplo, a queda que precede a morte, o gosto pelo bizarro, uma enorme obsessão com a morte, porventura originária das inúmeras guerras religiosas que por esta altura abundavam em toda a Europa.

São recorrentes tópicos como o medo da morte, a água corrente que significa o tempo que passa, com ligação à morte simbolizada pela água entre os gregos, romanos e celtas, a metáfora das areias movediças, as formas arredondadas como referência às pérolas irregulares, os reflexos, e a alusão a mitos clássicos como o de Narciso e os «mises en abyme», que na literatura podem surgir sob a forma de textos dentro de textos, os quais reproduzem a história principal em histórias secundárias, tal como o fazem os reflexos entre dois espelhos colocados em frente um do outro, podendo surgir, por exemplo, numa peça de teatro em que um dos personagens representa um actor que representa uma personagem, ou um quadro em que um espelho mostra ao espectador um reflexo da cena que podemos ver pintada.

Para saber mais: aqui.
Sobre o quadro: aqui.


Música do período barroco (mistura editada de Pachelbel, Bach e Vivaldi):


Sobre a música do período barroco: aqui.

Uma visão histórica da literatura portuguesa

Uma breve e muito reduzida visão cronológica dos principais autores e obras ao longo da história da literatura portuguesa.