quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Frei Luís de Sousa - ficheiros de som com análise da obra

Para acederes a ficheiros de som com análise da obra Frei Luís de Sousa, vai a esta ligação, e depois escolhe quais os ficheiros que pretendes ouvir, clicando neles.

Frei Luís de Sousa - personagens

Para veres as características das personagens em Frei Luís de Sousa, clica aqui.

Romantismo - características

Para observares as principais características do Romantismo, clica aqui.

Frei Luís de Sousa - tragédia ou drama

Para poderes aceder a duas apresentações sobre características de tragédia clássica e drama romântico em Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, clica aqui e aqui.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Beethoven

Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn (Alemanha), em 16 de dezembro de 1770, descendente de uma família de remota origem holandesa, cujo apelido significava ‘horta de beterrabas’ e no qual a partícula van não indicava nenhuma nobreza. O seu avô, também chamado Luís, foi maestro de capela do príncipe eleitor de Bonn. O pai de Beethoven, Johann, foi tenor nessa mesma capela. Aos oito anos de idade apresentou um concerto para cravo. Numa carta pública de 1780, Christian Gottlob Neefe afirmava que o seu discípulo, Beethoven, de dez anos, dominava todo o repertório de J.S.Bach e apresentava-o como um segundo Mozart. Beethoven fez os primeiros estudos em Bonn sob a orientação de Neefe, tornando-se organista-assistente da capela (1784). Iniciou a sua carreira de compositor com alguns lieder, três sonatas para piano e uns quartetos para piano e cordas. A sua fama começou a aumentar e o príncipe eleitor enviou-o para Viena. Maximiliano, o arquiduque da Áustria, subsidiou os seus estudos.

PedRo Nº18

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Obras e autores do programa do 11º ano

Para aprofundares os conhecimentos acerca dos autores e das obras estudadas no 11º ano, podes encontrar alguma informação aqui.

Almeida Garrett, por Herman José

Uma análise da obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

Para aprofundares os conhecimentos acerca da peça Frei Luís de Sousa podes consultar um estudo acerca da mesma aqui.

Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett: uma muito resumida abordagem

Este drama de Almeida Garrett foi representado pela primeira vez em 1843, tendo sido publicado no ano seguinte, sendo considerado a obra-prima do Teatro Romântico e uma das obras-primas da Literatura Portuguesa.

O enredo, inspirado na vida do escritor seiscentista Frei Luís de Sousa, de seu nome secular D. Manuel de Sousa Coutinho, tem como pano de fundo a resistência à dominação filipina. Sete anos depois de o seu marido, D. João de Portugal, ter sido dado como morto na batalha de Alcácer-Quibir, D. Madalena de Vilhena desposa D. Manuel de Sousa Coutinho, união de que nasce uma filha, Maria. A sua existência só é perturbada pelos tristes pressentimentos da frágil e sensível Maria e de Telmo, o velho aio que continua à espera do regresso de D. João. Este aparece, disfarçado de romeiro, e dá a conhecer a sua verdadeira identidade. O desfecho é trágico: Maria morre na igreja, no preciso momento em que os seus pais professam.

O crescendo dramático que envolve a acção culmina, assim, numa catástrofe, que é, todavia, de índole essencialmente psicológica e ideológica e conduzida com extrema sobriedade. Na célebre Memória ao Conservatório Real, que acompanha a peça, Garrett define o drama como «a mais verdadeira expressão literária e artística da civilização do século», sobre a qual exerce, ao mesmo tempo, uma «poderosa influência». Ressalvando que a índole da sua composição pertence ainda ao género clássico, critica o modo como na sua época se pretende fazer o drama, com um excesso de violência e de imoralidade, e alega ter desejado «excitar fortemente o terror e a piedade», usando de contenção e simplicidade.

Almeida Garrett - uma curta biografia

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854) foi o iniciador do Romantismo e refundador do teatro português, criador do lirismo moderno e da prosa moderna, e ainda jornalista, político, legislador, em suma, um exemplo de aliança indissociável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta.

Tendo nascido no Porto, no seio de uma família burguesa, que se refugia em 1809 na ilha Terceira, a fim de escapar à segunda invasão francesa. Nos Açores, recebe uma educação clássica e iluminista (Voltaire e Rousseau, que lhe ensinam o valor da Liberdade), orientada pelo tio, Frei Alexandre da Conceição, Bispo de Angra, ele próprio escritor.

Em 1817, vai estudar Leis para Coimbra, foco de fermentação das ideias liberais. Em 1820, finalista em Coimbra, recebe com entusiasmo e optimismo a notícia da revolução liberal. Em 1821, publica em Coimbra O Retrato de Vénus, ainda marcada por um estilo arcádico. Arcádicos são igualmente os poemas que escreve durante este período e que serão insertos em 1829 na Lírica de João Mínimo, um dos livros que publicou.

Em 1822, é nomeado funcionário do Ministério do Reino, casa com Luísa Midosi e funda o jornal para senhoras O Toucador. Em 1823, com a reacção miguelista da Vilafrancada, é obrigado a exilar-se em Inglaterra e depois em França. Contacta então com a literatura romântica (Byron, Lamartine, Vitor Hugo, Schlegel, Walter Scott, Madame de Stael), redescobre Shakespeare e, influenciado pelas recolhas de cancioneiros populares, começa a preparar o Romanceiro.

Em 1825 e 1826, publica em Paris os poemas Camões e Dona Branca, primeiras obras portuguesas de cunho romântico, fruto da metamorfose estética em si operada pelas novas leituras. Em 1826, publica também o Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa, como introdução à antologia de poesia portuguesa Parnaso Lusitano.

Em 1826, durante um período de tréguas, regressa a Portugal e mostra-se confiante na Carta Constitucional acordada entre D. Pedro e D. Miguel. Dedica-se ao jornalismo político, nos jornais O Português e O Cronista. Em 1828, depois da retoma do poder absoluto por parte de D. Miguel, exila-se novamente em Inglaterra. Em 1830 publica o tratado político Portugal na Balança da Europa, onde analisa a história da crise portuguesa e exorta à unidade e à moderação. Em 1832, parte para a ilha Terceira e participa no desembarque das tropas liberais no Mindelo. Escreve, durante o cerco do Porto, o romance histórico O Arco de Sant’Ana e colabora com Mouzinho da Silveira nas reformas administrativas.

Em 1834, é nomeado Cônsul-Geral em Bruxelas, numa espécie de terceiro exílio motivado pelo cada vez maior desencanto em relação à política portuguesa (a divisão dos liberais, a corrida aos cargos públicos) e nessa cidade contacta com a língua e literatura alemãs (Herder, Schiller, Goethe).

Em 1836, regressa a Lisboa, separa-se de Luísa Midosi e funda o jornal O Português Constitucional. No mesmo ano, é incumbido pelo governo setembrista de Passos Manuel da organização do Teatro Nacional. Nesse âmbito, desenvolverá uma acção notável, dirigindo a Inspecção Geral dos Teatros e o Conservatório de Arte Dramática, intervindo no projecto do futuro Teatro Nacional de D. Maria II e escrevendo ao longo dos anos seguintes todo um repertório dramático nacional: Um Auto de Gil Vicente, Dona Filipa de Vilhena, O Alfageme de Santarém, Frei Luís de Sousa. É por esta altura que inicia um romance com Adelaide Pastor, que morrerá em 1841, deixando-lhe uma filha (episódio que inspirará Frei Luís de Sousa).

Em 1838, torna-se Deputado da Assembleia Constituinte e membro da comissão de reforma do Código Administrativo. Em 1846, sai em volume o «inclassificável» livro das Viagens na Minha Terra, publicado um ano antes em folhetim na Revista Universal Lisbonense. Em 1851, depois de um período de distanciamento face à vida política, regressa com a Regeneração, movimento que prometia conciliação e progresso.

Nesse ano, funda o jornal A Regeneração, aceita o título de Visconde e reassume o seu papel de deputado, colaborando na proposta de revisão da Carta. Em 1852, torna-se, por pouco tempo, Ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1853, publica o livro de poesias Folhas Caídas, recebido com algum escândalo: o poeta era, na época, uma figura pública respeitável (deputado, ministro, visconde), que se atrevia a cantar o amor desafiando todas as convenções, e muito souberam ver na obra ecos da paixão do autor pela Viscondessa da Luz, Rosa de Montufar. Em 1854, morre em Lisboa, aos cinquenta e cinco anos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Eugène Delacroix - Um pintor romântico

Ferdinand-Victor-Eugène Delacroix nasceu em Charenton-Saint-Maurice, em 26 de Abril de 1798.
O seu gosto pelo exótico e a força dramática da sua pintura caracterizam Delacroix como um dos maiores pintores românticos franceses. O uso peculiar que fez da cor abriu caminho para os grandes mestres impressionistas e pós-impressionistas.
A partir de 1815 começou a estudar pintura com o barão Pierre-Narcisse Guérin, renomado artista académico.
Em 1825 foi para Londres. Em contacto com os ingleses J. M. W. Turner, John Constable e Sir Thomas Lawrence, a sua técnica adquiriu maior liberdade. Quadros como "Dante e Virgílio nos infernos" (1822) e "O massacre de Quios" (1824), românticas pelo tema e estilo, representaram a ruptura com o estilo neoclássico que imperava na França.
Em obras como "A morte de Sardanápalo" (1827) e "A liberdade guiando o povo" (1830) Delacroix atingiu a plenitude do seu estilo, ao conseguir o domínio da cor sobre o traço.
Em 1832 viajou durante seis meses por Marrocos. Seduzido pelo exotismo e luminosidade do país, executou uma série de desenhos e aguarelas, que mais tarde aproveitaria na magistral "Mulheres de Argel" (1834).
Delacroix dedicou-se também à pintura mural. Decorou o Salão do Rei no palácio Bourbon (1836), a biblioteca do palácio de Luxemburgo (1861) e a capela dos anjos da igreja de Saint-Sulpice (1861), obra que o consagraria como o último grande muralista de tradição barroca. Morreu em Paris, em 13 de agosto de 1863.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Apetece-me

Apetece-me
Apetece-me despejar palavras.
“Vomitar a verdade” (uma expressão que tem em mim um enorme impacto), dizer tudo aquilo que tenho “entalado na garganta”.
Numa aula de história, sentada ao pé daquela amiga que é essencial, falávamos de dizer o que há para ser dito às pessoas que, propriamente não gostamos e não temos empatia, de como por vezes é difícil cair no tal vómito da verdade, só para podermos manter aparências, viver num mundo de cinismo criando um ciclo vicioso de intrigas e falsidades. E queremos vociferar todas verdades e sentimentos, deixar sair tudo disparado, soltar palavras, mesmo que estas possam ferir, magoar, atingir, marcar, afectar as pessoas.
Apetece-me “vomitar palavras” sem sentido, sem razão, sem ponderação, apenas gritar o que penso e sinto para me livrar de um sufoco que me estrangula dia após dia.
Apetece-me verbalizar, materializar, especificar, decifrar, dissecar…
Apetece-me tanto e tanto, de tudo dizer… ou tudo de tanto dizer!
Apetece-me… Apetece-me… Tanto… tudo de tanto, e tanto é tão pouco, que seria simples conseguir dizê-lo!
Mas não querendo descer a níveis que desprezo horripilantemente, pretendo manter-me onde estou, num nível meu, baixo ou alto mas meu, ficando imóvel, guardando as emoções para mim, sendo assim superior a tudo e a todos! Sim, porque na vida muitas vezes temos de “engolir sapos” e, simplesmente ignorar coisas que nos incomodam, tentando não dar importância àquilo que não merece relevância!
Apetece-me deixar fluir esta mensagem sem dúvida alguma. Em palavras pequenas, mas não dúbias.
Hoje apetece-me… e por apetecer-me despejar palavras, despejo-as entre o papel e a caneta de forma pessoal e sentida.

Catarina Lameirão

Este texto é da minha autoria. Tal como o “stor” diz, por vezes guardamos em diários, gavetas ou mesmo em folhas soltas do caderno coisas que poderiam aqui ser publicadas….
Simplesmente num momento de mais melancolia construí genuinamente um conjunto de frase(numa folha solta). Que aqui deixo publicada para ser lida por quem quiser.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Principais escritores do Romantismo

Primeira Geração Romântica Portuguesa:
- Nacionalismo e ideologia liberal.

Almeida Garrett:
Obras:
Poesia:
Camões (1825); Dona Branca (1826); Lírica de João Mínimo (1829); Flores sem fruto (1845); Folhas caídas (1853).

Prosa: Viagens na minha terra (1843-1845); O Arco de Santana (1845-50).

Teatro: Catão (1822); Mérope (1841); Um Auto de Gil Vicente (1842); O alfageme de Santarém (1842); Frei Luís de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).

Alexandre Herculano
Obras:

Polémicas e Ensaios: A voz do profeta (1836); Eu e o clero (1850); A ciência arábico - académica (1851); Estudos sobre o casamento civil (1866); Opúsculos (10 volumes, 1873 – 1908).
Historiografia: História de Portugal (1846-1853); História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-1859).

Poesia: A harpa do crente (1838).

Prosa de ficção: Eurico, o presbítero (1844); O monge de Cister (1848); Lendas e narrativas (1851); O bobo (1878).

António Feliciano de Castilho
Obras:
Epicédio na morte da augustíssima senhora D. Maria I, Método de Leitura Repentina (1850); Agricultor Micaelense; A Felicidade pela Agricultura (1849);
Segunda Geração Romântica Portuguesa:
- Subjectivismo;- Irracionalismo; - Fantasia ;- Pessimismo;

Camilo Castelo Branco
Obras:

Carlota Ângela (1858); Amor de perdição (1862); Coração, cabeça e estômago (1862); Amor de salvação (1864); A queda dum anjo (1866); A doida do Candal (1867); Novelas do Minho (1875-77); Eusébio Macário (1879); A corja (1880); A brasileira de Prazins (1882).


Soares Passos
Obras:
Poesia: O Noivado do Sepulcro (1858); A Camões; O Firmamento

Terceira geração romântica portuguesa
- Pré-realismo

João de Deus
Obras:
A vida

Júlio Diniz
Obras:
Romance: As pupilas do senhor reitor (1867); Uma família inglesa (1868); A morgadinha dos canaviais (1868); Os fidalgos da casa mourisca (1871).
Conto: Serões da província (1870).
Poesia: Poesias (1873).
Teatro: Teatro inédito (1946-47).

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Almeida Garrett - biografia falada


Um vídeo realizado por alunos do 11º ano de uma escola portuguesa, autores do BlogTeam.

Neo-Classicismo e Pré-Romantismo

O século XVIII costuma designar-se por «Século das luzes» ou «Iluminismo» pelo predomínio que a Razão, como luz esclarecedora, passou a exercer nas formas do Pensamento.

Define-se, como sistema filosófico, o Racionalismo (que vai conduzir ao ateísmo e ao positivismo do século XIX) com a Crítica da Razão Pura, de Kant (1724).

Jardins do Palácio de Queluz, do século XVIIIO Racionalismo produz os germes de revolta contra a opressão espiritual da escolástica durante o século XVII. É, pois, o século XVIII, fundamentalmente, um século de crise espiritual que leva os homens à objectiva e aguda percepção dos males da época; é, por consequência, uma época em que floresce de modo extraordinário a crítica, sob a forma de sátira ou de obras e ensaios didácticos, cartas, métodos e tratados. O género satírico apresenta-se, pois, como um dos mais copiosos e representativos.

Apreciando criticamente a produção do período barroco, os escritores apercebem-se da debilidade de conteúdo de muitas das manifestações literárias e iniciam a sua luta contra a superabundância ornamental e os excessos formais. As Academias (que nas últimas décadas do século anterior se haviam já anunciado com o aparecimento da Academia dos Generosos e da Academia dos Singulares) correspondem a esse desejo de luta e de aperfeiçoamento crítico e esclarecido. Surgem assim as Academias (numerosas e activas, como a dos Anónimos, dos Ocultos, dos Aplicados, dos Unidos, dos Obsequiosos, etc.), de que, em 1720, convém assinalar a Academia Real da História, fundada por decreto do rei D. João V. Os nomes mais relevantes dessa colmeia laboriosa foram: D. António Caetano de Sousa, Diogo de Barbosa Machado, Francisco Leitão Ferreira, José Soares da Silva. A História vai-se, progressivamente, aproximando dos ramos do conhecimento científico para se afastar dos géneros literários aos quais até agora estivera estreitamente vinculada. A pesquisa e a crítica documental tomam, pouco a pouco, feição nitidamente científica.

Em 1780, no reinado da rainha D. Maria I, o Duque de Lafões, secundado pelo Abade Correia da Serra, obtém a fundação da Academia Real das Ciências substituindo a da História, órgão cultural ainda hoje sobre­vivente. Fr. Manuel do Cenáculo, Ribeiro dos Santos, António Caetano do Amaral, Francisco Alexandre Lobo, Frei Fortunato de S. Boaventura, Coelho da Rocha, etc. foram alguns dos seus nomes mais ilustres durante o século XVIII. A Academia Real das Ciências (que, em 1910, data da implantação da República, passou a chamar-se Academia das Ciências de Lisboa) possui uma Biblioteca notável que já no século XVIII contava mais de 200000 volumes, entre os quais 112 incunábulos e raridades bibliográficas de incalculável valor.


A Arcádia


A Arcádia Lusitana ou Ulissiponense, fundada em 1756, da qual foram membros fundadores António Dinis da Cruz e Silva, Esteves Negrão e Correia Garção, foi, porém, a mais notável e importante das Academias literárias e manteve-se durante vinte anos, depois do que foi reorganizada com a designação de Nova Arcádia. Visava, como esclarecem os seus estatutos, reformar o gosto deteriorado e reacender o interesse das novas gerações pelas artes literárias; pretendia, pois, «formar uma escola de bons ditames e de bons exemplos em matéria de eloquência e de poesia, que servisse de modelo aos mancebos estudiosos e difundisse ( ... ) o ardor de restaurar a antiga beleza destas esquecidas Artes».

As bases em que os árcades fundamentavam a sua acção reformadora consistiam, principalmente:

• na crítica mútua, objectiva e desassombrada das produções literárias apresentadas nas sessões da Arcádia pelos seus sócios;


• no regresso à imitação dos clássicos da Antiguidade, como fontes mais puras da perfeição literária, embora adaptando-os ao gosto moderno.



Segundo os árcades, pois, as causas verdadeiras da decadência literária provinham do abandono dos genuínos clássicos e da busca de inspiração na repetida imitação dos renascentistas.

Os membros da Arcádia, isto é, os Árcades, que assinavam as suas produções com pseudónimos literários, tinham como emblema uma mão empunhando uma foice, e como legenda o lema da mesma Arcádia: Inutilia truncat (ou seja, corta o que for inútil).

O seu principal objectivo era, com efeito, restaurar a sobriedade e equilíbrio do classicismo, fugindo aos excessos do gongorismo; preconizava-se também a libertação da rima que, segundo eles, embaraçava a livre expressão do pensamento.

O principal teorizador do neoclassicismo - isto é, desta tentativa de regresso à pureza dos moldes clássicos - foi Pedro António Correia Garção, que é considerado, ao mesmo tempo, o exemplificador mais perfeito dessas doutrinas.

Como principais documentos dessa teorização literária citaremos a famosa Sátira sobre a Imitação dos Antigos, dirigida ao conde de S. Lourenço, e a Epístola a Olino. A Cantata de Dido é, com justiça, considerada como a mais perfeita exemplificação das teorias preconizadas.

Verifica-se, no entanto, que o neoclassicismo falhou nos seus objectivos, embora tivesse dado frutos positivos como preparação para a atitude mental pré-romântica e chamado a atenção para a frustração literária que se vinha verificando. De resto, a sua acção prevalece concomitantemente com o pré-romantismo e os moldes arcádicos mantêm-se mesmo para além da implantação do Romantismo.

Com o influxo da poesia germânica, porém, envereda-se por um caminho diferente de renovação - o pré-romantismo, que consiste na busca da inspiração, não nas já exauridas ruínas clássicas, mas nas inesgotáveis fontes do mundo interior do próprio indivíduo. Essa será a via segura duma profunda revolução mental e espiritual que se concretizará com o movimento romântico.

Três anos após a fundação da Arcádia, efectivamente, já Correia Garção se apercebera da falência dos seus objectivos fundamentais, e atribuía essa falência a causas meramente exteriores: a falta de assiduidade dos membros, a falsificação da critica objectiva. As verdadeiras razões, porém, estavam nas novas necessidades estéticas que só encontrariam solução com o advento - já próximo - do Romantismo.
Quanto aos mais importantes membros da Arcádia, além de Garção, de que falaremos a seguir, é digno de menção especial António Dinis da Cruz e Silva.


Pré-Romantismo


Depois da relativa falência dos objectivos da Arcádia, verificou-se que o caminho para obviar aos males da Escola Barroca devia ser outro que não um Jardim do Palácio da Pena, em Sintra, de características românticasregresso ao ponto de partida, isto é, à imitação dos clássicos. Desse modo, influenciados principalmente pelas literaturas germânicas, alguns poetas verificam que, se as fontes clássicas, sempre iguais a si mesmas, podem esgotar-se, existe uma fonte sempre renovada de inspiração, que é o tesouro íntimo de cada um. Se os estados de alma não podem repetir-se nem identificar-se uns com os outros, a sua expressão deve participar das mesmas características.

Esta concepção está relacionada com o advento das ideias individualistas da Revolução Francesa, reflexo do movimento espiritual que comprometeu todo o pensamento europeu. Com efeito, a preferência que começa a manifestar-se na literatura pelos temas da solidão, trevas e morte, não é mais do que a afirmação dum individualismo sentimental que deste modo se revela por oposição ao que rodeia o poeta; isto é, a afirmação do seu eu isolado em relação ao mundo exterior.

Entre os que, mais decisivamente, se lançaram neste novo rumo, citaremos Bocage e a Marquesa de Alorna, Alcipe (além destes, Filinto Elísio e José Anastácio da Cunha enfileiram em tendências semelhantes). Nestes poetas, encontramos já muito dos elementos que podem considerar-se como definidores duma estética romântica:


· gosto pela solidão;
· identificação da natureza com os estados de alma;
· preferência pelas paisagens sombrias e agrestes ou tumultuosas.
· utilização literária do maravilhoso popular (fadas, génios, gnomos);
· adopção duma simbologia especial - aves nocturnas, espectros - que vai conduzir ao aproveitamento do belo-horrível como tópico da literatura romântica;
· preferência pelos temas da noite, da escuridão, etc.